Há exatos 33 anos, em 13 de
novembro de 1981, o mundo perdia um dos maiores ícones da capoeira angola: o
saudoso mestre Pastinha – Vicente Ferreira Pastinha (1889- 1981). Mestre
Pastinha deu uma contribuição sem igual à prática da capoeira, fazendo nascer
uma vertente autêntica, de identidade muito própria, que ganhou o mundo e se
fortalece cada vez mais - hoje denominada “escola pastiniana”.
Entre as décadas de 1940 e 1970, em
um contexto marcado pela dualidade (enquanto mestre Bimba – Manuel dos Reis
Machado, 1899 – 1974, igualmente com sua grandeza de espírito, trabalhava em
prol da capoeira por ele reinventada, - a luta regional baiana), mestre
Pastinha fazia história divulgando a capoeira angola pelo Brasil e pelo mundo. A
história da capoeira não seria a mesma sem a contribuição destes dois
importantes mestres!
Mas a existência do Centro
Esportivo de Capoeira Angola - CECA, que vigorou por quatro décadas sob
coordenação de Pastinha, se deve também à contribuição de outros mestres pouco
lembrados pela história da capoeira, mas de igual importância para a
configuração desta arte na atualidade. Ao que contam as fontes até hoje
estudadas, a criação do CECA foi uma articulação de mestres da antiga velha
guarda da capoeira baiana, dentre eles, destaco mestre Aberrê, mestre Noronha,
mestre Maré, mestre Amorzinho e Samuel Querido de Deus. Estes “bambas”, na
ocasião da famosa roda da Gengibirra, em Salvador, “entregaram” a direção do
centro para mestre Pastinha. Pastinha afirma que estava afastado da capoeira há
30 anos e de início relutou em aceitar o convite. Mas por fim terminou
aceitando o desafio e foi glorioso em sua missão!
Mestre Pastinha, assim como
mestre Bimba com a regional, imprimiu sua identidade à capoeira angola do CECA.
Criou seqüências de treinamento, uniformizou seus alunos, valorizou a
ludicidade, a brincadeira, a camaradagem, fazendo nascer um estilo de vivenciar
a capoeira muito mais enquanto uma brincadeira, do que uma luta. Estilo que
contagiou gerações! Mas o mestre alertava para a capoeira luta, como uma defesa
e como afirma seu discípulo, mestre Curió:
Ele
[Pastinha] não era violento, e ele combatia muito a violência. Ele dizia que
capoeira não era violência, a capoeira era arte, dança, mandinga, malícia,
filosofia, educação, cultura, e na hora da dor é que ela passava a ser uma luta
perigosíssima.
Iê viva Pastinha! Ao mestre minha
eterna gratidão!
Serena Capoeira
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